Perdoas-me não te queria magoar?!





Perdoas-me não te queria magoar?!



Perdoas-me não te queria magoar?!

A Luísa é das mulheres mais bonitas e mais alegres que alguma vez conheci...
Quem olhava para ela não conseguia disfarçar o encanto que ela provocava nos que se cruzavam com ela.
Sempre simpática, bem disposta, tinha um ar calmo e sereno e tinha um coração do tamanho do mundo.
Era nesse coração que ela guardava todos os segredos que escondia para si durante anos...
Todos os dias quando chegava ao trabalho a Luísa, fazia questão de dar os bons dias a toda a gente e  perguntar se passaram uma noite descansada?
Toda a gente a admirava porque ela para além de todos os atributos que vos falei ainda era feliz...
Todos os seus colegas diziam gostava de ser como tu, depois de um dia de trabalho, onde por vezes são dias difíceis...Mas tu mesmo assim vais sempre feliz para casa!!!
Toda a gente perguntava como consegues?
Ao que ela respondia, a vida ensina-nos a dar valor às coisas...e estar vivo é um privilégio...
Mal eles sabiam que aquela frase tinha uma carga emocional e um significado tão forte...Que ninguém sonhava...
A Luísa era só uma personagem de uma pessoa feliz que escondia a maior das tormentas.
Aquela pessoa que todos invejavam era vitima de violência doméstica há muitos anos, e que aquela pessoa que todos admiravam e invejavam todos os dias quando voltava para casa, era espancada pelo marido.
Marido esse que aos olhos dos outros, ela também era uma afortunada por ter um marido tão simpático e bonito como ela tinha.
Eram a imagem do casal feliz e perfeito...
Mas só ela sabia que de perfeito aquilo não tinha nada.
Ele era uma pessoa muito bem vista na sociedade pelo cargo que desempenhava numa grande empresa, onde tinha a seu cargo centenas de trabalhadores para chefiar.
E talvez por isso ele achasse que em casa ele tinha de mandar também na mulher, e fazia-o da forma mais cruel que alguém pode imaginar...
Aquela Luísa doce e meiga, era espancada todos os dias pelo marido que lhe dizia que se não fosse por ter o cargo que tinha, já a tinha feito sua prisoneira em casa.
Ele exercia sobre ela uma violência física e psicológica…e no fim dizia desculpa eu não te queria magoar...
Luísa chorava e vivia com o medo que ele um dia se descontrola-se e acabasse por a matar...
Mas o medo de o denunciar era mais forte, que enfrentá-lo e continuava naquele pesadelo.
Ele nunca lhe batia na cara, porque sabia que se o fizesse, mais cedo ou mais tarde acabaria por ser descoberto.
Luísa viveu assim durante anos...e um dia ficou grávida!!!
Porque para além de ser vítima de agressão ainda era uma presa sexual nas mãos do marido, porque depois de lhe bater dizia-lhe que queria fazer amor com ela para lhe provar que a amava de verdade.
Ela nunca o rejeitou porque sabia que a consequência era maior que fazer amor com o homem que mesmo com ela de corpo dorido e cheio de sangue, ainda queria gozar do prazer de a possuir...
Quando Luísa engravidou, ficou tão contente porque achava que aquele bebé salvaria a sua vida e que a sua tormenta ia acabar...
Estava tão enganada!!!
Quando ela lhe contou ele deu-lhe a maior porrada da vida dela, pontapeou-lhe a barriga enquanto ela gritava vais matar o nosso filho!!!
Ele só dizia fizeste de propósito não quero ser pai, nunca quis e agora para além de ter de te aturar ainda vou levar com um filho?
Luísa chorava agarrada à barriga, e ele sem piedade continuava todos os dias a bater-lhe...
Luísa meteu baixa no trabalho, alegou ter um esgotamento, quando o seu esgotamento era toda a violência que vivia sozinha e em silêncio...
Entretanto Luísa conseguiu ter o bebé, foi várias vezes confrontada no hospital pelos médicos sobre os hematomas que tinha em todo o corpo, ao qual ela respondia que sempre foi assim, desde pequena que por qualquer coisa ficava logo pisada...
Pobre Luísa...
Quando o bebé nasceu Luísa, que foi sozinha para o hospital, pois o marido estava para fora em trabalho e só voltava dali a duas semanas.
Ligava-lhe todos os dias e perante os familiares dizia que estava ansioso para voltar, para estar com a mulher e o filho.
Luísa sorria, mas dentro dela só tinha uma coisa no pensamento.
Ela tinha prometido a si mesma, que no dia que o filho nascesse e ele não estivesse fugia de casa para nunca mais voltar!!!
E foi isso que aconteceu.
Luísa foi pedir ajuda a uma associação de pessoas vítimas de violência doméstica.
Contou-lhes que durante anos sofreu, porque não foi capaz de denunciar aquele homem que todos diziam ser maravilhoso, mas na realidade ele não era mais que um monstro.
Que não queria que o filho crescesse num ambiente de violência diária.
Queria criar o filho longe daquele que lhe tirou o brilho do olhar e a tornou numa pessoa triste e vazia.
Colocou a mão sobre o peito e gritou.
Hoje vou mudar o rumo à minha vida e vou apresentar queixa contra a pessoa que me matou aos poucos!!!
Luísa teve que andar fugida durante algum tempo, por uma questão de segurança para a sua própria vida.
O caso foi parar a tribunal Luísa, conseguiu provar tudo o que ele tinha feito, porque um vizinho conseguiu provar através de vídeos que fazia da sua janela, que Luísa foi maltratada durante anos...
Mas que a cobardia e o medo não o deixaram denunciar tal situação...Mas para ficar bem com ele próprio era o único que podia fazer para se redimir, de não a ter ajudado mais cedo...
Felizmente Luísa conseguiu que o juiz proibisse o ex-marido de se aproximar dela e do filho.
E pôde assim retomar a sua vida livre e feliz junto do seu filho.
Pena que muitas mulheres não tenham a mesma sorte que Luísa… porque muitas das vezes a ajuda não chega antes que eles as matem...

Em Portugal desde Janeiro, já morreram mais de 29 mulheres vitimas de violência doméstica.
Estes crimes são cometidos pelos maridos, companheiros.
Um fenómeno que continua a fazer dezenas de vítimas a cada ano e que é transversal a todas as classes sociais.
Tenho pena que todas estas mulheres não tivessem tido a mesma sorte que a Luísa...
A violência doméstica é considerada um crime público, por isso temos o dever de cada vez que tivermos conhecimento de algum caso denuncia-lo é uma obrigação!!!
Não sejamos cobardes e não deixemos que morram mais pessoas vítima desta violência.
Porque AMAR É CUIDAR E NÃO MATAR!!!😔

Deixo-vos aqui o número de apoio à vítima da  APAV uma associação de apoio à vítima.
Este número é gratuito: 116006 mas podem fazê-lo também para a sede, o número é: 213587900

Este Natal está nas nossas mãos salvar a vida de muitas outras Luísas...Para isso só temos de não ficar calados sempre que tivermos conhecimento de um caso destes.
Um beijinho a todas as Luísas que sofrem e não se esqueçam que não estão sozinhas, Marlene.❤

Comentários

  1. Estou arrepiada só de pensar que por falta de coragem ou cobardia mesmo, não se denuncie este flagelo que assombra a sociedade, o ditado antigo de entre homem e mulher não se mete a colher, não pode existir tem de ser esquecido, mete-se a colher arrumba-se a porta chama-se a polícia e quem preciso for, mesmo que depois do outro lado digam, não foi nada estava nervoso, nunca devemos deixar passar.....a violência nunca é um modo de vida...... Espero que outras Luisas leiam e tomem coragem, também estou com elas este Natal!!!!!❤️

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    1. É sem dúvida assustador saber que há tantas Luísas por aí…
      E que por medo do agressor ficam caladas, não fazem nada e outras tem que apresentam queixa mas o medo obriga-as a voltar atrás e desistem.
      Espero que haja alguém que seja capaz de falar por elas!!!
      Não tenham medo e pesem nos vossos filhos, esses não merecem viver essa violência toda, têm direito a viver felizes e não com medo.
      Um beijinhos a todas as Luísas, Marias, Anas e muitas outras…
      Este Natal ofereçam vida a si próprias e aos vossos filhos.
      Encontramo-nos aqui;
      O MEU, O TEU, O NOSSO LUGA!!!

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  2. Respostas
    1. Está na hora de dar voz a quem a perdeu…
      Não podemos deixar que a nossa falte de coragem não nos deixem denunciar que faz este ato escabroso.
      Todos temos direito a ser felizes, e está nas nossas mãos ajudar quem tem medo de falar!!!
      Um beijinho a todas e lembrem-se não estão sozinhas.
      Encontramo-nos aqui; O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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  3. Realidade assustadora.... onde o ser humano na sua mente se sente no poder de ofender, agredir, desprezar, humilhar, cuspir, bater.... o ser humano é o pior inimigo de ele próprio! Acreditar que amor é saber perdoar ou então ainda mais intolerante, acreditar que aquilo que Deus juntou não se pode separar.... Ou simplesmente pensar que por algum motivo são donos de alguém! Porque apenas são casados.... Existem muitas Luísas e muitos ´ Luises’ que sofrem em silêncio e existe quem o sabe e escondem se na cobardia de não denunciar....
    Mais uma vez o texto está muito bom e espero que para sempre todas as Luísas e Luíses tenham coragem para denunciar!

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    1. Felizmente em Portugal a violência doméstica já é considerado um crime público, é nossa obrigação sempre que tivermos conhecimento de uma situação destas falar, mesmo que a vítima desista, voltamos a fazê-lo vezes sem conta até que perceba que não há "Amor" que nos custe a VIDA!!!
      No que estiver ao meu alcance, não morre mais nenhuma Luísa, nem nenhum Luis.
      Beijinhos, encontramo-nos aqui;
      O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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