Hoje os olhos encheram-se de lágrimas pelo silêncio com o qual me deparei...

Hoje os olhos encheram-se de lágrimas pelo silêncio com o qual me deprarei...


Hoje os meus olhos encheram-se de lágrimas pelo silêncio com o qual me deparei...

As saídas de casa são sempre feitas e só em momentos que sejam mesmo necessários, hoje foi um desses dias.
Fui buscar os livros ao colégio que a minha filha frequenta, na hora de sair de casa pensei para comigo, ai que bom vou fazer uma das coisas que mais gosto e me dá prazer que é conduzir e assim aproveito para desanuviar enquanto vou e volto, é sair um bocadinho do quotidiano dos últimos tempos.
Mas nunca eu pensei que esta saída me marcaria tanto como a de hoje...
Chegada ao colégio deparo-me com um colégio completamente vazio, vazio de carros, vazio de funcionários, vazio de professores, vazio da simpatia do Sr. Pinto que todos os dias com a sua alegria nos recebe diariamente todas as vezes que nos cumprimenta, como quando se despede de nós com um até à manhã...
Apenas na secretaria estava a D. Isabel, que me indicou que os livros estavam na sala de acolhimento.
Eu ia naquele corredor quando uma sensação de vazio e solidão tomam conta de mim, mas o choque maior foi quando entro na sala que todos os dias acolhia os nossos meninos, estava vazia, vazia do barulho, da alegria, risadas que diariamente todos aqueles meninos davam àquela sala.
Ali naquele momento as lágrimas lutavam comigo se caíam ou simplesmente era mais forte e as segurava, senti-me gelada de afetos e de uma tristeza que não sei descrever por palavras...
Nos cabides apenas estavam em sacos de plástico com os pertences de cada aluno devidamente identificados com cada um dos seus nomes… Eram tantos os sacos que lá estavam, que eu mais parecia que estava a viver um cenário de guerra no meu pensamento.
Não estava preparada para tal imagem…
Por momentos senti-me pequena.
Aquele silêncio fez-me pensar o quanto o barulho daquelas crianças todos os dias fazem toda a diferença, para dar vida àquele lugar que hoje estava apagado de tudo, era um colégio fantasma que apenas sobravam os pertences dos nossos filhos.
Vinda embora desejei tudo de bom à D. Isabel.
E pensei para mim, quando nos voltaremos a ver...
Sinceramente não avizinho um reencontro breve, embora o meu coração queira acreditar no contrário...
Confesso que nunca pensei que esta ida ao colégio me marcasse tanto...
Sentia-me perdida num turbilhão de emoções inexplicáveis tinha o coração gelado, fiz o regresso a casa não pelo mesmo trajeto mas por outro para ver se me distraía, mas não consegui… Deparei-me com a minha cidade toda ela parada e tudo o que via era uma ou outra pessoa de máscara posta, confesso que essas são as imagens que ainda me custam mais, parece que são essas que nos esbarram na realidade que tentamos a todo custo ultrapassar…
Demorei imenso tempo até chegar a casa, queria olhar para tudo o que me rodeava e que tinha perdido o barulho e a confusão de carros e a azáfama de gente a correr porque passavam a vida a cheios de pressa.
A pressa acabou!!!
A estrada era minha e de mais um ou outro carro que se iam cruzando de longe a longe comigo.
Senti um país quase parado, tal como o meu pensamento perdido no meio de tudo e de nada.
O meu sentimento hoje é que a normalidade que tantas vezes reclamamos contra ela volte rápido.
E cheguei à conclusão mais certa que alguma vez pude ter, é que algumas das melhores lições da vida são aprendidas nos piores momentos.
E este que estamos a passar é sem dúvida uma grande lição para dar valor a tudo o que tínhamos.
Marlene.❤

Comentários

  1. Não imagino o que viu (só o que vejo na TV). Aqui ainda se vive uma quase normalidade aparente, até quando não sabemos. A incerteza a insegurança é o pior dos tormentos.
    Tudo vai voltar ao normal
    Beijinhos minha querida Marlene.

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    Respostas
    1. O que vi foi uma escola completamente vazia de barulhos das crianças que diariamente correm, brincam, riem com os seus amigos e são felizes.
      No dia em que lá entrei a escola era enorme, vazia de tudo… a sala de acolhimento onde deixamos os nossos filhos estava vazia, apenas existiam os seus cabides com o nome de cada um onde dentro de um saco estavam os seus pertences, as sala que é pequena tinha-se tornado enorme pela ausência de todos os meninos que costumam lá estar.
      Eu confesso que ao olhar para aquele cenário me senti pequenina, desprotegidas como se aquilo ali era o que sobrava dos nossos filhos…
      Foi um vazio imenso como se de repente me tivesse caído a realidade em cima, já a sabia mas não me tinha esbarrado com ela.
      Faltava tudo ali era uma escola deserta vazia de tudo o que aqueles meninos lá deixaram…
      Doeu muito, espero que eles possam regressar breve… mas vejo esse cenário ainda muito longe.
      Um abracinho com sabor ao nosso Portugal e que os vírus não faça os estragos que tem feito pelo mundo fora.
      Aqui já morreu muita gente, mas comparado com o resto da europa estamos a conseguir fazer face a este flagelo com um numero de mortes muito pequeno, enquanto aqui desde que tudo começou morreram 600 e tal pessoas, que é um número que todos os dias nos outros países morrem diariamente.
      Havemos sair disto, só não sei quando….
      Obrigada por estar sempre aí desse lado;
      O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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  2. Quando entramos na escola dos nossos filhos e nos deparamos com uma realidade anómala, vazia de tudo, há uma tristeza que nos invade o coração…
    Deparamo-nos com um cenário que não é a nossa realidade, mas que infelizmente agora é assim…
    E isso mostra-nos que tudo mudou e não sabemos quando voltará a ser igual.
    Não consegui conter as lágrimas porque aquele era um local de barulho, alegria e cheio de crianças, agora não passava de um espaço enorme vazio e tão cheio de nada:(
    Beijinhos querida Zeca.
    Encontramo-nos aqui;
    O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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