Parte do meu coração morreu e partiu contigo...

Parte do meu coração morreu e partiu hoje contigo...

Parte do meu coração morreu e partiu contigo...

Neste tempos difíceis que temos vivido tenho absorvido muita informação à minha volta, umas confesso que me chocam mais que outras… Porque para além de tudo o que temos vivido, neste confinamento ainda vemos todos os dias aqueles que partem, e vão sozinhos...
É isso que me custa mais...
É um sentimento que espero nunca ter de o viver nesta altura em que vivemos, não sei se iria respeitar as regras impostas pelo governo.
Tudo porque já vivemos num tempo de medo, ansiedade, uma angústia constante por tudo o que se vive à nossa volta e no mundo, não posso concordar que nos tirem aquilo que todos deveríamos de ter direito.
Um último ADEUS AOS NOSSOS, aqueles que este vírus sem avisar nos roubou.
São milhares as mortes que acontecem todos os dias, e as pessoas não lhes podem dizer um último adeus, já foram afastadas delas logo que se detetaram os primeiros casos da doença, privando-os das visitas, que nestas alturas são o único elo de ligação que poderiam ter com os seus entes queridos, sei que a probabilidade de contágio é enorme, mas é sempre um alento para o coração de quem está doente e ver um dos seus familiares que da parte de fora, nem que fossem separados por um vidro e equipados a rigor lhes pudessem passar a força que precisam para não se sentirem sozinhos, e que os seus familiares mesmo sabendo que a situação por vezes é muito grave, trazia-lhes de certeza mais alento ao coração, para que os doentes não se sentissem abandonados.
Muitos estão em estado crítico é certo, mas muitas das vezes sabemos que o que nos dá força é saber que não estamos sós, muitos só de ouvirem a voz dos seus, conseguem sair do coma e recuperar totalmente.
Se é milagre ou não, não sabemos…
Mas sempre ouvi dizer que quem está em coma ouve tudo.
Ainda ontem ouvi um relato de um médico italiano, que esteve mais de três semanas em coma ele contou que viu os seus colegas falarem ao pé dele, que os ouvia dizer que não sabiam se ele se ia safar e ele ouvia tudo e não conseguia responder a nada, mas disse que foi a presença deles que o fez ganhar forças para não desistir.
Saiu ontem dos cuidados intensivos e regressou a casa, foi um dos privilegiados que conseguiu vencer a doença e muito pela força de ouvir os seus.
Ouvi o que ele relatou e pensei, é o que todos os doentes e familiares deveriam de ter direito, a ouvir os seus….
São os nossos que muitas das vezes nos conseguem trazer de volta, quando sentimos nos sozinhos.
E esta é um luta contra a doença e a solidão, solidão do doente e dos seus familiares a quem lhes é roubado o direito de se despedirem ainda em vida.
Muitos são que todos os dias nos lares vêm os seus, através das janelas e falam através dos telemóveis, imagino a alegria que todos sentem dos dois lados.
Porque muitos sucumbem sozinhos…. e deixam um sentimento e uma revolta dilacerante, tão triste de uma descrição difícil de se descrever.
É lhes roubada até a despedida!!!
Não lhes é permitido ver uma última vez aqueles que amam, até isso lhes é roubado.
Todos deveríamos de ter direito a dizer adeus aos nossos, chorar as suas partidas, fazer o luto de quem perderam, poder dizer que gostavam muito de lhe ter podido dar um ultimo abraço, um beijo, e  isso fica-lhes a pesar na alta para sempre.
Entendo que o vírus é muito agressivo, mas é muito violento ver as imagens dos caixões dentro do carro fúnebre sozinhos, agora já há funerárias que tiram fotos das caras dos que partiram, do caixão e do padre a proferir as últimas palavras… Para depois enviarem para os seus familiares que não estiveram presentes por imposição, e eles ao fazê-lo é para eles poderem ver que ao menos houve uma ultima oração.
Imagino o cenário de dor quando olham para estas fotos, a dor que lhes esmaga o peito porque é a imagem que podem guardar do dia em que um dos seus foi a enterrar.
É surreal para não lhe chamar desumano, segundo uma das leis é que todas as pessoas que morressem com covid 19 teriam que ser cremados, mas essa lei não é verdadeira, há muita gente que em vida sempre pediu que quando partissem não queriam ser cremados.
E mesmo com o Covid a pessoa não tem de ser cremada, a DGS diz que podem ir a enterrar sem serem cremados, simplesmente não podem tocar no caixão e têm de manter a distância de segurança e só podem ir no mínimo 11 pessoas.
Agora nem isso fazem, morrem e vão a enterrar sozinhos.
Eu lamento imenso a dor destas famílias, porque ninguém devia de partir sozinho e muito menos não ser chorado por quem mais amaram em vida.
Vejo isto como um luto mutilado, matam quem fica porque estas pessoas nunca mais vão esquecer que ninguém lhes permitiu dizer adeus, atirar um beijo nem que fosse de longe, dizer que estava ali para dizer que o amava e que apartir dali a saudade ia ser enorme.
Choca-me esta brutalidade espero sinceramente não ter que a viver com nenhum dos meus ou eu mesma ter de partir sozinha.
Ninguém sabe...
O único que sei é que todos nos impõem leis, mas os nossos governantes passam por cima delas.
Neste momento pergunto eu.
Senhores governantes do nosso país é mais importante neste momento celebrar o 25 de Abril?
Não respeitando o isolamento social e a distância de segurança, porque irão estar para mais de 130 pessoas no parlamento nesse dia.
Agora pergunto não é muito mais importante deixar que quem parte não parta sozinho e que se possa despedir dos seus?
Porque lá não estarão 130 pessoas, estarão sim os familiares mais próximos e desviados uns dos outros onde nem se podem abraçar para suportar a dor, porque têm de respeitar o distanciamento obrigatório.
Sinto-me triste ao ver isto, e a dor estampada na cara de quem fala e descreve o sofrimento da despedida roubada.
O único que gostaria que revessem com muita atenção Srs. governantes, é que o 25 de Abril, se irá celebrar todos os anos, a despedida de quem se ama só acontece uma vez.
E quando o luto não é feito, corremos o risco de que parte destas pessoas deixem morrer os seus corações  juntamente com aqueles que partiram.
Marlene.❤

Comentários

  1. Um abraçinho quentinho.
    Bjs querida Marlene

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    1. Outro para si minha querida amiga, que mesmo estando do outro lado do equador, está sempre aqui do meu lado;
      O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!
      Beijinhos com sabor ao nosso Potugal:)

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  2. Concordo plenamente com tudo o que escreves-te, pena é que nem sempre se está disponível, mesmo em vida, num tempo em que estamos obrigados a estar "ausentes" temos que rever as prioridades mesmo que por cinco minutos que no ❤️ de quem está vivo significa muito, e isso infelizmente também está a ser posto de parte...... Um beijinho em teu ❤️

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    1. Este tempo difícil que atravessamos desde a nossa existência nunca vivemos nada semelhante que nos privasse de tanta coisa.
      E muito menos na hora de dizer adeus aos nossos isto é sem dúvida a maior prova em que muitos estão a atravessar.
      Espero que os seus corações recuperem e que nós nunca nos esqueçamos do que realmente importa nas nossas vidas.
      Beijinhos e um abracinho tão apertadinho como aqueles que tu tanto gostas:)
      Encontrámo-nos aqui;
      O MEU, TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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  3. Respostas
    1. Um beijinho enorme no seu coração nesta altura em que tudo tem uma importância cada vez maior.
      Cuidem-se que é o melhor que podemos fazer neste momento.
      Encontramo-nos aqui;
      O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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