Afinal talvez fossem só lágrimas...

Afinal talvez fossem só lágrimas...


Afinal talvez fossem só lágrimas...😔

Este fim de semana Portugal acordou com a notícia que o ator Pedro Lima, tinha partido, não queria acreditar na veracidade do sucedido!!!
Porque sempre olhei para ele como sendo um dos atores mais promissores da sua geração e porque sempre vi nos eventos em que aparecia que transbordava sempre simpatia e uma alegria contagiante.
Nunca lhe imaginei tal fim… Porque também era dos atores que tinha uma relação longa e sempre que aparecia com a companheira ambos mostravam ser um casal unido e feliz, discretos e sempre longe dos alaridos que muitos vivem porque não sabem lidar com o facto de serem figuras publicas e só por si já se acham umas estrelas de Hollywood, nunca vi no Pedro esta sede de mediatismo.
Poucas vezes aparecia em revistas expondo a sua vida.
O único que lhe via e que tanto admirava era a forma como os seus olhos brilhavam sempre que fazia uma sessão fotográfica com a companheira e os filhos, onde se conseguia sentir a felicidade que viviam quando estavam todos juntos.
Confesso que quando o via parecia que o conhecia e que ele era tal e qual como aparecia nas revistas e no ecrã.
Eram uma família numerosa e que tudo ali se encaixava, tinham tudo para continuarem esta caminhada que já contava com 20 anos e viverem muitos mais sempre felizes.
Mas infelizmente o destino não quis que assim vivessem juntos para sempre, essa felicidade que nos passaram e que me parecia sincera e verdadeira.
Hoje penso no sofrimento dos que ficaram aqueles que faziam a sua vida feliz.
O que lhes passará pelas cabeças?
A revolta, o sofrimento, a impotência de nada terem conseguido fazer para impedir que ele fosse embora e continuassem todos unidos e felizes… A dor não duvido que é dilacerante tanto para os filhos que perderam o pai e a quem todos lhe gabavam ser o melhor dos seus papeis, assim como o que irá na cabeça da companheira que se vê com cinco filhos e sem o amor da sua vida...
Confesso que não os conheço mas que me tocou, tocou e muito.
Porque infelizmente este é um dos muitos problemas da nossa sociedade, a saúde mental ainda é vista como um tabú e se for numa figura publica pior ainda.
Porque todos se sentem no direito de julgar a pessoa pela atitude tomada e outros há que se sentem no direito de tirar conclusões e palpites daquilo que não sabem.
Muitos estaram a questionar-se;
O que lhe faltava para ter tal atitude?
O que faz isto é que são todos uns alucinados?
Ou pior ainda quando se acham no direito de julgar quem teve um ato destes, dizendo que são uns cobardes.
Estas atitudes chocam-me!!!
Porque muitas das vezes as pessoas mais simpáticas, com ar mais feliz, com uma vida que todos gostávamos de ter, são aqueles que são os chamados de "gente feliz com lágrimas".
E é mesmo isso… Quando somos tomados por um medo ou estado de ansiedade que nos ecoa na mente aquilo que não conseguimos exteriorizar.
Muitas das vezes quem está com a saúde mental perturbada vai dando sinais, que muitas vezes não são percetíveis a quem vive connosco, porque são sinais inicialmente tão esporádicos que não lhes dão a devida importância, porque a pessoa entretanto mostra novamente comportamentos que transmitem felicidade e associamos isso a um dia menos bom.
Felizmente ainda há quem consiga falar e pedir ajuda e não alimentar o monstro que vive escondido numa parte do nosso cérebro, que não nos deixa viver uma vida de normalidade, sem medos ou angustias que nos perseguem.
Mas nem todos exteriorizamos os sentimentos da mesma forma, se assim fosse muitos Pedros teriam sido poupados a este desfecho triste.
A depressão atinge muitas pessoas, eu própria já a vivi várias vezes, foi uma luta enorme de um sufoco que me roubava o ar e o direito a viver feliz e em paz comigo.
Nem sempre consegui falar do assunto porque quando estava com medos e falava, muitas vezes nem a família mais chegada me entendia, porque achavam que eu era paranoica… Daí optar muitas vezes por sofrer para mim e desejar fazer o mesmo que o Pedro fez...
Eu aparentava uma felicidade que era camuflada pelo medo do julgamento de quem não entendia o que é estar doente mentalmente.
Um degrau de uma escada para nós tem o tamanho de uma montanha, tal é o medo de avançar ou falar com alguém que nos entenda sem julgamentos, que tenha a sensibilidade de ler nas entrelinhas do que lhes vamos mostrando que precisamos de ajuda e optamos por viver tudo isso em silêncio.
Um silêncio que nos tira a alegria que insistimos em demonstrar, mas que na realidade não existe, porque a nossa mente está diminuída e não queremos mais ouvir (não faças filmes) isso é das piores palavras que podemos dizer a quem só precisa de ser compreendido, de uma mão que nos leve ao lugar que nos vai devolver a paz, que nos mostre que tudo tem solução e que nada merece que a gente desista da vida, dos que amamos e dos que nos amam.
É isto que mata a alma, que nos faz ser uma personagem da nossa vida que não coincide com a realidade sentida.
O vazio que sentimos ultrapassa tudo aquilo que nos preenche, a dor às vezes é fotogénica porque passamos um ar que está tudo bem, quando o mundo interior está no mais profundo dos poços.
E o pior é que essa dor não se arruma sozinha, ela tem uma capacidade de nos encolher e diminuir, porque a tristeza é invisível, porque não queremos pedir ajuda para não chatear ou para que quem vive connosco não sinta que estamos a sofrer, como se isso fosse realmente verdade.
Quantos não se culpam por não terem valorizado os pequenos sinais que lhes foram dando, e que na altura não valorizaram…?
Também há aqueles que notam que o outro não está bem, e não desistem enquanto não resgatar quem tenta a todo o custo enganar quem não se deixou convencer pelos sorrisos que refletiam tristeza no olhar.
Somos todos humanos, todos temos fragilidades, problemas, medos e nem todos lidamos com as situações da mesma forma e nem todos somos perspicazes em perceber que o outro não está bem.
Não quer dizer que este tenha sido o caso do Pedro.
Não arranjemos culpados para o que aconteceu, porque eu já tive do outro lado e sabia que muitas vezes não era eu que estava ali feliz, era a minha inimiga que se escondia do medo do que os outros viam ou iam pensar de mim.
A depressão não escolhe quem vai atacar, ela pode atacar qualquer um até aqueles que julgavam que nunca poderiam ser apanhados por ela.
É nessas alturas que percebemos que a tristeza nunca deve de ter sido tão triste, mesmo sabendo que é nela que muitas vezes reside o vazio, do porquê de nada nos encher quando tudo parece tão cheio, quando na realidade estamos tão cheios de nada...
É aqui que faço um apelo a todos os que me seguem, estejam atentos não desvalorizem aquilo que muitas vezes vos parece tão insignificante, são esses pequenos sinais que podem salvar aqueles que deixaram de ter força para continuar.
Hoje eu estou aqui a viver uma felicidade real, mas tenho sempre em mim presente que não estou livre de um dia voltar a cair, daí estar sempre atenta aos pequenos sinais que o meu cérebro me envia.
Eu precisei de ajuda médica, e não tenho vergonha em assumir, porque foi lá que encontrei a solução para desatar todos os nós que insistiam em consumir a minha mente.
Espero que este meu testemunho vos ajude a todos a estar mais atentos, principalmente àqueles que substituem as lágrimas por sorrisos, porque são esses que muitas vezes desistem da maior dádiva que temos que se chama vida.
Um abraço enorme que envolva todos aqueles que passam por estas situações de um desespero que não sei descrever em palavras.
Marlene.❤

PS: Oiço muitas vezes pessoas dizerem quando alguém se suicida que é um cobarde, estão tão enganados...
Eu chamo-lhes corajosos, porque só uma pessoa muito desesperada e mentalmente perdida consegue consumar um ato destes, porque o desespero não lhes deu tempo para serem racionais porque estão doentes.
A todos os que já perderam entes queridos nestas situações não se culpem, porque muitas das vezes as pessoas não nos dão sinais de nada e por muita ajuda que tenham tido eles só viam uma luz escura, e a única solução é aceitar que quem partiu foi à procura da paz e da felicidade que não acreditavam ser mais possível viver aqui.💔😔


Comentários

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    1. Há tantos Pedros por aí… Eu já estive do lado de todos eles.
      Felizmente eu consegui perceber que precisava de ajuda, mas demorei muitos anos num sofrimento angustiante porque até os mais próximos me chamavam paranoica… Muitas das vezes em vez de termos a ajuda que precisamos ainda somos sujeitos a comentários ou juízos de valor, quando na realidade só queria que entendessem que aquela não era eu:(
      Um beijinho querida Zeca e agora mais que nunca temos de estar mais atentos a todos os que nos rodeiam.
      Entretanto encontramo-nos aqui no;
      O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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  2. Suicídio : um ato de cobardia ou um ato de Coragem?

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    1. Olá boa tarde!
      Em primeiro lugar agradeço o facto de ler a minha publicação e de entrar no meu blog:)
      Quanto à sua pergunta para mim uma pessoa que se suicida nunca será uma pessoa cobarde, porque em primeiro lugar quando o faz não está no seu estado emocional normal, e segundo gera-se uma angustia muito grande na pessoa e não quer dizer que seja um ato premeditado.
      Pode acontecer a qualquer um que por qualquer motivo se deixa levar pela angustia e a solução n cérebro de quem o faz é acabar com a vida.
      Nunca lhe posso chamar cobardia, porque tem de se ser muito corajoso para chegar a um ponto e desistir de viver, que segundo todos os amigos o que mais amava era a vida e vive-la junto dos filhos e da esposa.
      Infelizmente não posso julgar quando eu própria já tive algumas depressões e sofria em silêncio numa dor que era dilacerante, demorei alguns anos a pedir ajuda… mas finalmente encontrei o meu caminho junto de um profissional de saúde, mas sei que nunca estamos totalmente curados, temos de estar atentos aos sinais do nosso corpo e pedir ajudar, quem for capaz de o fazer claro.
      Um beijinho e espero que nos possamos encontrar aqui novamente;
      O MEU, O TEU, O NOSSO LUGAR!!!

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